No sábado, dia 21 de abril de 2012 (feriado), às 9h, dia do aniversário de Brasília (52 anos), com várias atividades acontecendo na Esplanada dos Ministérios, a belíssima Bienal Brasil do Livro e da Leitura, a Marcha contra a corrupção, tudo isso e muito mais, não foi impedimento para que os militantes do Partido dos Trabalhadores de São Sebastião, membros do Núcleo de Base Paulo Freire, se reunissem para fazer uma análise de conjuntura, discutir o atual momento que estamos passando no Distrito Federal depois das denúncias envolvendo o Senador Demóstenes Torres DEM (GO) com Carlinhos Cachoeira, contraventor acusado de chefiar uma quadrilha especializada em explorar máquinas caça-níqueis, e as matérias que tentam desviar a atenção dessas denúncias e relacionar o nome do Governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, ao mesmo esquema.
Na ocasião, foi convidado o professor Gabriel da Assessoria da deputada Arlete Sampaio. Num primeiro momento, o professor fez uma explanação da conjuntura econômica mundial, onde destacou a situação do velho continente que atravessa uma crise devastadora como resultado das políticas neoliberais de países conservadores, como a França, Alemanha e Inglaterra. Para Gabriel, o Brasil virou o jogo no mundo globalizado, especialmente nos tempos de crise econômica, deixou de ser coadjuvante e passou a ser protagonista, graças aos oito anos de governo Lula, e agora com a continuação no comando de Dilma, ditando as regras nas Américas.
Voltando o foco de sua análise para o Brasil, o professor destacou que o Governo da presidenta Dilma está muito bem avaliado nas pesquisas porque tem a marca da erradicação da extrema pobreza. Em relação ao Governo de Agnelo Queiroz, na avaliação de Gabriel, infelizmente ele ainda não tem marca, não aconteceu, uma vez que Queiroz não conseguiu consolidar uma identidade própria do seu governo e mostrar a cara para a sociedade brasiliense e para o Partido dos Trabalhadores. Por isso mesmo, os militantes precisam defender o governo por se tratar de uma conjuntura bastante delicada, principalmente por ser um governo do PT e não de Agnelo.
Quanto às denúncias ultimamente veiculadas pela grande imprensa sobre a Operação Monte Carlo, que investiga a estreita relação entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o Senador Demóstenes Torres, ficou claro que existe uma articulação a nível Nacional por parte dos partidos da direita e do PSOL querendo envolver o nome do Governador Agnelo Queiroz, como tentativa de desviar o foco dessas denúncias.
Até o momento, não existe nenhuma prova concreta, somente boatos, estão se aproveitando da fragilidade que o governo se encontra, um governo sem gestão, desarticulado e com problemas administrativos, mas que tem pontos positivos, que diante desse turbilhão não são vistos. Temos secretarias que desenvolvem um bom trabalho como a SEDEST, que desde o ano passado vem aplicando a Política Nacional no DF, a partir do DF Sem Miséria com o objetivo de erradicar a Extrema Pobreza, fazendo a busca ativa e cadastro pessoas que estão fora dos benefícios sociais (Bolsa Família), cumprindo a meta do Governo Federal (Brasil Sem Miséria). Além disso, a Secretaria de Habitação e a Secretaria de Cultura também estão no rol das pastas que vem realizando um bom trabalho.
Para Socorro Rocha, militante da Democracia Socialista e também membro do NPF-PT/SS, “temos que defender nosso Governo, só não sabemos como fazer, mas estamos conscientes de que não podemos engrossar o moinho do DEM, PSDB, PSOL e de outros partidos de direita. O PT é hoje o partido mais importante a nível mundial. Por esse motivo, o PT/DF tem o dever de se posicionar o mais rápido possível sobre o caminho que o partido e a militância devem seguir diante da atual conjuntura”, frisou.
Elias Silva, educador, militante partidário desde 1985 e ativista dos movimentos populares, fez uma avaliação do momento que vive o Distrito Federal sem muita motivação. “O que a gente ver é uma situação criada pelo próprio Agnelo e por alguns conservadores do partido. Governar sem oposição? Ter o controle de 20 deputados na Câmara Legislativa, e agora, com a saída do professor Israel do PDT da base? Aliado histórico? A verdade é que Agnelo, ao lotear as secretarias e as regiões administrativas com cargos para partidos nanicos sem nenhuma expressão política, deixando de fora do governo personalidades históricas é, no mínimo, carimbar o passaporte para o fracasso da atual gestão. Como sugestão de militante que foi pra rua pedir voto para eleger Agnelo, peço que a executiva local avalie a participação dos partidos sem expressão e dispense todos. Essa gente não tem nada a ver com o partido dos trabalhadores. Que eles ocupem os espaços na oposição, que é o lugar deles”, avaliou Elias.
Ainda com foco na discussão da situação política no DF, foi colocada pelo grupo a preocupação com o processo de articulação para a eleição de 2014. Forçoso é dizer que a atual conjuntura contribui de todas as formas para inviabilizar uma possível candidatura do PT, inclusive numa chapa na condição de vice. Na opinião de Francisco Neri, ainda que nada desabone Agnelo Queiroz enquanto governador do Distrito Federal, o seu passado político o incrimina, quando ainda compunha as fileiras do PCdoB, vez que desta época pesam contra ele as graves denúncias de desvio de recursos do Programa Segundo Tempo, do Ministério dos Esportes, além dos supostos atos de irregularidades praticados quando era diretor da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Francisco também avaliou que o trabalho das secretarias do GDF não dão o tom nem a cara do atual governo, primeiro porque cada gestor - diante da falta de diálogo e de interação do governo com parte do seu secretariado – é praticamente obrigado a mostrar serviço à sociedade. “Ao ressaltar uma maneira pessoal de conduzir determinada pasta, o gestor acaba por mostrar suas características pessoais e uma forma de gestão que não se coaduna com o projeto político de Agnelo (se é que existe um projeto)”.
Onézia Alves, militante do grupo Democracia Socialista (DS) PT/São Sebastião e coordenadora do NPF-PT/SS, lembrou aos convidados que o Núcleo de Base vem aguardando da Presidência do PT local uma posição mais crítica sobre o governo Agnelo. “Vamos convidar a zonal para discutir conosco e a militância a situação do governo, com o objetivo de buscarmos uma saída consensual para o partido”, afirmou. "Caso a zonal não se pronuncie, o Núcleo tomará a iniciativa de fazer esse debate, o qual já deveria ter sido feito na cidade e em todo o DF, há muito tempo", completou.
Constava também da pauta da reunião o comunicado sobre as filiações do partido. Foram apresentadas duas datas para as filiações, uma sendo até agosto de 2012 (filiações internas) e a outra até setembro de 2012 (filiações em geral).
Como encaminhamento, foi deliberado que os participantes, enquanto membros do Núcleo de Base, irão redigir um documento propondo ao Diretório Zonal do PT uma plenária com todos os militantes, parlamentares e gestores do governo do DF, para fazer um balanço das ações desenvolvidas pelo Governador e uma análise da crise atual. O grupo irá sugerir que a plenária seja realizada já no mês de maio deste ano.
Por fim, o professor Gabriel parabenizou os participantes pela iniciativa de constituírem o Núcleo de Base Paulo Freire e destacou a importância do mesmo no processo de discussão do atual governo. “O Núcleo tem todo respaldo para cobrar da zonal uma posição firme a respeito dos rumos que este governo está tomando. Atuando dessa maneira, vocês estarão cumprindo o dever de casa não apenas como militantes do PT, mas essencialmente como cidadãos e cidadãs preocupados com o futuro da política no Distrito Federal”, concluiu.
